O que devia escrever

Não sei o que escrever. Mas tenho tanto para escrever, tanta coisa para exprimir, notícias para dar, falar do que me põe contente, do que me põe menos contente. Queria falar da adolescência como falava antigamente, falar do medo do futuro ou então das memórias de infância que quero que volte. Quero falar da fobia de ser adulto ou da vontade de voltar aos 14 anos. Queria, no fundo, escrever como sempre escrevi.
Não é a primeira vez que sinto que aqui não posso escrever o que bem me apetece como me apetece. Aliás, era demasiado bom eu escrever aqui os meus verdadeiros desabafos. Se eu desabafasse o que sinto em relação às pessoas que conheço, o que sinto em relação ao mundo, se eu desabafasse os meus problemas apenas estaria a alimentar a cusquice e a curiosidade de pessoas que por aqui andam apenas para isso.
Tenho saudades de ser uma pessoa completamente desinteressante. Acho que desde que comecei o secundário fiquei diferente. Em alguns aspectos uma melhor pessoa, noutros aspectos nem por isso. Criei grandes amigos porque conheci imensas pessoas, tornei-me um pouco mais conhecido e isso não significa que seja socialão, mas passei a dar mais nas vistas por ser quem sou. Um rapaz que intitulam de "muito engraçado" na maioria das vezes e que leva a vida na brincadeira. O que nem sempre é bom.
O facto de não conseguir exprimir aqui o que sinto é simples: pessoas que conheço lêem o meu blog. Não há nenhum blogger que nunca tenha escrito algo APENAS porque sabia que alguém iria ler. O meu blog é público, é conhecido pelos meus amigos e familiares portanto tem que estar controlado em relação ao que digo sobre mim, sobre os meus amigos, sobre a minha família, sobre o meu dia-a-dia. À medida que um blog se torna mais famoso mais cuidados as pessoas têm que ter porque a liberdade de escrita será menor. Pior quando sabemos que andam por aqui olhos venenosos a lerem o que escrevo. Mas isso agora não interessa. Vou continuar com o blog, escrever o que acho que devo escrever mas nunca será como antigamente: escrever sem pensar duas vezes o que tira a piada toda mas pronto, tudo é suportável menos o Paulo Portas.