Dizer o que sentimos

Hoje li num filme "As pessoas devem realmente dizer o que sentem" e há uns tempos ouvi na rádio um verso de uma música "you have got to say what's on your mind".
Pensei nisto duas vezes. Enquanto ouvia a música e enquanto via o filme.
Se disséssemos realmente o que vai na nossa mente e o que realmente sentimos não mudávamos a nossa vida por completo?
Em crianças somos, por norma, um livro aberto ao que os adultos acham engraçado e até se riem. Até se diz que "as crianças nunca mentem" pois a sinceridade é algo tão comum nas crianças que até causa alguma piada.
Ao longo dos anos vamos fechando o tal livro e muitas coisas ficam por dizer, muitos sentimentos ficam reprimidos e - dependendo das pessoas -, umas expressam-se mais do que outras.
Mas é sabido que as pessoas falam muito umas das outras. Nas costas. O que é criticado e simultaneamente feito.
Falamos mal de alguém, esse alguém diz mal de nós e assim sucessivamente. Por vezes até pensamos "claro que estou a criticar aquela pessoa mas também estou a falar com esta pessoa que eu confio bastante portanto acho que não há problema". E não há. Não há porque ela certamente não vai contar o que andaste a dizer mas isso não implica que não estejas a dizer mal da tal pessoa.
Estava a fugir um pouco do assunto, pois o que queria explicar neste post seria: o que mudava na nossa vida se contássemos tudo o que sentimos?
O patrão que as pessoas odeiam. Se ele descobrisse isso? Serias despedido?
O que seria se todos os teus segredos fossem revelados? O que mudaria? O que mudaria nas relações com os nossos pais e outros familiares que fosse dito tudo aquilo que reprimimos para não arranjar confusão? O que aconteceria se todos os teus colegas e professores soubessem o que realmente achas deles? O que mudaria nas tuas amizades se eles descobrissem o que realmente achas deles ou vice-versa? Até porque há amigos que não fazem ideia do quanto gostamos deles ou então que afinal não gostamos assim tanto como pensam. O que aconteceria àquelas pessoas que admiramos mas que não passam de meros desconhecidos? Se elas soubessem que as achas interessantes mudaria alguma coisa? Certamente que sim.
O nosso pensamento é um mistério. Estamos sempre, sempre e sempre a pensar. Em tudo. E se disséssemos tudo o que pensamos em relação às pessoas e a nós próprios estaríamos completamente tramados. Sem qualquer tipo de privacidade a nível intelectual.
Isto seria bom? 

Comentários

Unknown disse…
Uma palavra para ti: brilhante. Adoro a coerência e o ritmo da tua escrita, continua o bom trabalho.
Anónimo disse…
adorei, continua!
Juanna disse…
Não, seria péssimo. Procura ver um filme chamado The Invention of Lying, fala desse assunto, é de chorar a rir e uma lição.
Anónimo disse…
As pessoas devem falar o que convém e o que é realmente importante o outro saber,como por exemplo,quando há problemas.Não é abrir a boca para falar coisas desagradáveis e inúteis como geralmente todos fazem!O resto já é uma questão de confiança.
Também há casos onde se levanta uma ponta do segredo e depois deixa-se alguém a morrer de curiosidade...não pode ser,quando se dispara uma arma,acerta-se sempre em alguém,do mesmo modo que quando se conta um segredo,tem de contar tudo o que a pessoa sabe.
É por isso que se deve ter consciência daquilo que se está a falar mas muita gente tem memória curta.

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