O interesse pela palhaçada

Cavaco desmaiou nas cerimónias de 10 de Junho com a justificação de uma reação vagal, causa mais comum nos desmaios.
Rapidamente apareceram os comentários do costume, tentativas de piadas, o Nilton deve ter ficado todo feliz - houve apenas uma muito boa com sentido político, pois disse o Inimigo público "Momentos que Cavaco Silva esteve desmaiado foram dos mais activos do seu mandato".
É curioso que as pessoas, nomeadamente o pessoal mais novo, só se importe com política quando existem este tipo de coisas, ou seja, quando existem os não-assuntos ou algo que não interessa minimamente para ninguém. Quando é para dizer mal de repente já todos têm conhecimento político, os insultos são fáceis e as opiniões são dadas como se fossem os mais sábios de sempre, como se acompanhassem minimamente o que se passa pelo país.
Existem dois tipos de ignorância: a ignorância mais comum que se reflecte nas pessoas que têm falta de conhecimento mas que se tentam informar, ou que têm vontade para se tornarem mais cultas e a ignorância correspondente à estupidez, que se reflecte nas pessoas que não sabem nada mas que não tencionam saber, mas que em situações caricatas como a que aconteceu hoje ao PR torna-las logo opinantes.
Os portugueses são assim: tudo o que cheira a palhaçada criam logo uma atenção suprema para estar a par. Não é por acaso que a "palhaçada" é cada vez mais usual para criar polémica e há quem seja fã, ou fanático por isso, daí estarem a par de tudo o que é caricato em todos os assuntos quer política, futebol e até relações humanas, ao invés de se tornarem minimamente cultos com interesses que realmente valham a pena, quer para si próprios quer para a sociedade. 

Comentários

Filipe Liberato disse…
Não são só os portugueses, são as pessoas todas! É uma realidade mundial infelizmente.
DIOGO_MAR disse…
Faço jus as tuas palavras. Há muito que digo, que ser palhaço, sem querer ofender os palhaços de profissão, é o que está a dar neste País, nivelado por baixo, no que concerne à cultura.
No que diz respeito à malta nova, é gritante o total alheamento e ignorância dos assuntos de relevo, uma verdadeira crise de identidade.
Institucionalizou-se, o banal, o fútil e o facilitismo.
Pobre País, onde vais tu parar com tão fracos filhos!!!

http://diogo-mar.blogspot.com/
Pedro Pisco disse…
É por estas e por outras que eu não acredito no futuro de Portugal, entendo que caminhamos a passos largos para o abismo e não sofro da doença de alguns - esperança lírica - que acreditam que isto vai mudar para melhor, senão, vejamos:
Desde meados dos anos 90 que a seita política prepara incultos e iletrados, gerações de enormes rebanhos sem opinião, actividade, autênticas amebas inertes.
O facilitismo da vida escolar;
O concluir anos de escola atrás de anos de escola, sem nada se saber;
A Lei eleitoral consagrada na Constituição, pseudo-democracia pseudo-representantiva, ambiente ideal para que o poder rode sempre entre meia dúzia de duques republicanos;
A verdadeira instrução básica, secundária, superior, reservada apenas a uma elite com poder de compra suficiente para pagar estudos privados, elite essa que acaba á frente das grandes indústrias, grande comércio e inevitavelmente, directa ou indirectamente, ligada ás máquinas partidárias;
Tudo isto, afasta o povão da cidadania, deixando o país a saque para meia dúzia.
E o primeiro sinal está aí, em jovens que não têm opinião política, que desconhecem os seus dirigentes, que vivem (bem) sem qualquer tostão no bolso e que, muitas vezes têm o "normal" hábito de até só comerem quando aparece comida e estão tão dormentes que já nem sequer sentem fome.
O fim desta sociedade, tal como a conhecemos, está próximo.
E sim, foi uma pena que o que aconteceu ao Cavaco, não lhe tivesse acontecido de vez, porque só o fim, só o extermínio desta corja que tudo pode e nada faz pelo povo, pode, caso aconteça, inverter o rumo das coisas.
DIOGO_MAR disse…
Pleno de acordo, com tudo que aqui se disse.
Tenho este xadrez politico, descrito num post a que dei o nome,
COMO FAZER UM JOTINHA

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