"A Entrevista" de Maio - Paulo Bento


Paulo Bento tem 48 anos e é licenciado em Administração e Gestão Pública. Foi deputado há vinte e cinco anos atrás. Já se candidatou à presidência da Câmara Municipal de Torres Vedras e foi o primeiro vereador representante do PSD. É, actualmente vereador da Câmara Municipal de Torres Vedras.


Acredita que Portugal terá confrontos nas ruas devido à austeridade, assemelhando-se à Grécia?
Penso que não haverá nada similar com a Grécia ao nível de confrontos de rua.

O acordo com a troika foi o grande erro da democracia portuguesa?
O acordo com a troika não foi o grande erro. Foi a única alternativa. O grande erro foi o conjunto de políticas que obrigou à assinatura do acordo.

A troika é a solução para sairmos da crise?
A troika não é a solução para os nossos problemas. É, neste momento, e tão só o garante que nos permite iniciar a fase de recuperação.

O papel das câmaras municipais é mais importante do que o povo português pensa?
O papel da câmara tem sido fundamental e continuará a ser. Mas penso que cada vez mais passará a sua acção para área dos serviços à comunidade e menos a acção de empreiteiras de obras. Até porque muito já está feito e o dinheiro é escasso. 

Acaba por ser injusto quando milhares de jovens estudam afincadamente para acabarem desempregados e, a hipótese de emigrarem é a opção mais frequente. Os políticos, nomeadamente quem está na posse do governo não pode ajudar estes jovens a ter emprego em Portugal para os mais novos não terem que abdicar da convivência com os seus familiares e amigos?
O problema do desemprego é dramático. E infelizmente não vai ser nos tempos mais próximos que vai ser resolvido. Terão de ser encontrados mecanismos que permitam ao máximo o encontrar de soluções. Só o conseguiremos quando a economia começar a crescer e que permita criar novos postos de trabalho. E...ainda vai demorar.

Muitos portugueses intitulam os políticos de mentirosos por não realizarem o que prometem. Afinal de contas, quando um político promete algo ao povo não tem que ter a certeza que o fará?
Realmente todos se queixam do mesmo. O que se promete normalmente não é o que depois fazem. Uma triste realidade que tem de ser corrigida rapidamente. 

Haverá alguma manchete de jornal que anunciará que Portugal "saiu da crise"?
Espero que haja essa manchete. E o mais rápido quanto possível. Mas não será este ano.

Ser político é, ou não, a profissão que mais exige de um grande nível de exigência e de responsabilidade? Porquê?
Ser político deveria ser a função mais nobre da vida. O serviço à comunidade e ao próximo. Infelizmente está degradada. Tudo teremos de fazer para a voltar a dignificar.

Na sua opinião, a que se deve à falta de interesse por parte de maioria dos jovens em relação à política?
Penso que o desinteresse que os jovens e não só demonstram face à política, advém sobretudo do péssimo exemplo que a classe política tem dado, porque em vez de fazer política, faz politiquice. A somar tudo isto, o facto de os políticos em campanha dizerem uma coisa e depois no poder fazer outra não credibiliza. Daí o seu afastamento. 


Quais são os responsáveis pela situação em que Portugal se encontra? Será que foi o governo atual? Ou governo anterior? Ou quem organizou o 25 de Abril?
A grande responsabilidade da situação actual é da responsabilidade de todos os que governaram até hoje. Uns mais, outros menos.
Penso que no passado mais recente, António  Guterres e José Sócrates foram os principais. 
Mas Cavaco Silva também tem uma dose de responsabilidade nos acordos antigos que nos fizeram praticamente abandonar a pesca e a agricultura.

O povo tem que cumprir à regra a austeridade imposta pelo governo. Acha que os portugueses compreendem os erros políticos que nos levaram a esta situação?

Penso que os portugueses, ainda que lhes custe, têm compreendido a necessidade deste esforço de recuperação que o País necessita.
 Sendo que muita coisa há a fazer ao nível do crescimento que cada vez mais se torna imperioso.

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